COMUNICADO As sucessivas intervenções públicas do Senhor Secretário de Estado do Emprego, Valter Lemos, constituem peças de retórica inenarráveis e seriam apenas risíveis se não fossem proferidas por um membro do Governo e responsável pelo Emprego. As duas mais recentes dizem respeito, por um lado, ao facto de 12 mil portugueses desempregados terem perdido o direito ao subsídio de desemprego e, por outro, à “estabilização dos números” relativos à taxa de desemprego de acordo com a sua peculiar interpretação das estatísticas do Eurostat.
No primeiro caso, a insensibilidade social gritante do Dr. Valter é algo comovente já que demonstra que, cidadãos deste país, ainda por cima socialmente fragilizados, são tratados como números e menosprezados por alguém, que pelas altas funções que desempenha, deveria ser o primeiro a defende-los. Ficamos esclarecidos que, para tão distinto governante, o facto de 12 mil portugueses perderem o único recurso financeiro que lhe permitia fazer face às dificuldades de não ter emprego nem salário, nas suas próprias palavras, apenas “traduz o bom funcionamento do sistema”.
Recordemos que, o Dr. Valter Lemos, já no governo anterior desempenhava as funções de Secretário de Estado da Educação e, em conjunto com a Dra. Maria de Lurdes Rodrigues, deixou junto dos professores a imagem de alguém que sempre manifestou uma gritante e escandalosa insensibilidade para as questões sócio-laborais e para a própria dignidade profissional da classe docente e que esteve na origem de uma autêntica revolta nas escolas portuguesas.
No segundo caso, as declarações do Sr. Secretário de Estado, perante um número record de desemprego em Portugal – 11,2%, vêm na sequência de um conjunto de muitas outras, proferidas após serem conhecidas estatísticas que, invariavelmente, agravam a taxa de desemprego. Nestas declarações, tal como nas anteriores, procura desvalorizar aquele que é o principal flagelo social que afecta Portugal como resultado da calamitosa situação financeira a que os governos do Partido Socialista nos conduziram. Perante a crueza dos números, estas declarações, tais como as anteriores, demonstram que, o referido governante, está perfeitamente descolado da realidade e levam-nos, inevitavelmente, a compará-lo ao senhor Mohammed Saeed al-Sahhaf, o ditoso ministro da propaganda de Saddam Hussein em 2003 e os seus inesquecíveis briefings irrealistas perante os jornalistas e que todos recordamos com “imensa saudade”.
A bem da credibilidade da governação seria avisado que a tutela ou o próprio primeiro-ministro lhe recomendasse contenção verbal.
Lisboa, 3 de Março de 2011 Pelo Secretariado Nacional
Pedro Roque Secretário-Geral |